O Pilates pode
ajudar na reabilitação de esclerose múltipla mesmo em pacientes que estão com
sintomas avançados da doença, mostra uma pesquisa realizada na Universidade
Queen Margaret, na Escócia.
O método Pilates,
já utilizado no Brasil em alguns casos de esclerose, foi testado na
universidade escocesa para a reabilitação de pessoas que estão em cadeira de
rodas devido à doença. A esclerose múltipla afeta, entre outras coisas, a força
muscular e o equilíbrio, fazendo com que o doente perca mobilidade.
No estudo, a
postura e a intensidade das dores e da fadiga (sintomas da doença) foram
medidas em 15 cadeirantes antes e depois de começarem seu tratamento com
Pilates. Outras oito pessoas com sintomas parecidos também foram acompanhadas
durante o período, porém sem participar das aulas.
Ao final de 12
semanas, foi possível observar uma melhora nas dores no ombro e no pescoço das
pessoas que tiveram aulas de Pilates.
Os resultados foram
publicados na revista “Research Matters”, editada pela Sociedade de Esclerose
Múltipla de Londres. Os pesquisadores lembram que ainda são necessários estudos
com maior número de participantes para validar os resultados.
NO BRASIL
Entre os benefícios
da prática, a fisioterapeuta Andrea Lotufo, do centro de reabilitação do
Hospital Albert Einstein cita a melhora da força, da postura e do equilíbrio.
Porém ela lembra
que, se a pessoa faz exercícios inadequados para sua condição, ela pode sentir
uma grande fadiga, própria da doença e mais forte do que um cansaço normal de
quem vai a academia.
A instrutora de
Pilates Régia Guimarães, 47, atende alunos com esclerose múltipla há cinco
anos. Ela diz que o Pilates, por ser originalmente um trabalho individual,
permite que o instrutor conheça a pessoa e consiga perceber quais os exercícios
mais adequados para suas necessidades.
Ela também destaca
o uso dos aparelhos como uma forma de fazer com que seus alunos se sintam mais
acolhidos: “Uma pessoa que não consegue ficar de pé, por exemplo, pode fazer
exercícios na cama que simulem o caminhar em um ambiente seguro”.
Uma de suas alunas,
Wilma Vieira, 52, descobriu que tinha esclerose múltipla há sete anos. Tudo
começou com um formigamento no rosto e nos pés que parecia não ter grande
importância. Teve dificuldade para acreditar que sofria da doença quando a
médica deu o diagnóstico: “Esclerosada, eu? Mas como, se minha memória é boa?”.
A razão do
estranhamento foi em parte pelo nome da doença, que leva muitas pessoas a
relacionar esclerose múltipla e velhice. Entrou em depressão quando soube que a
doença não tinha cura e sua possível piora não podia ser totalmente descartada.
Wilma passou a
tomar medicamentos intravenosos três vezes por semana. Ela conta que esses
medicamentos têm efeitos colaterais, entre eles deixar a musculatura rígida e
provocar dor nas articulações. Mas são fundamentais para controlar os surtos e
a piora de sua saúde.
Encontrar uma
professora que já havia trabalhado com pessoas com esclerose múltipla foi o que
a motivou a começar. Praticante há dois anos, diz que o maior benefício é a
diminuição das dores nas articulações que os alongamentos proporcionam.
O que ela mais
gosta é de estar deitada e ser alongada por elásticos. Dessa forma, consegue
sentir sua flexibilidade aumentando.
A ESCLEROSE MÚLTIPLA
A esclerose
múltipla é uma doença crônica autoimune do sistema nervoso. Acontece quando o
sistema imunológico começa a agredir a bainha de mielina, capa que cobre os
neurônios, comprometendo a transmissão de impulsos elétricos.
As principais
dificuldades ocasionadas pela doença são a perda parcial da visão, da
sensibilidade, da força e do equilíbrio. A doença se manifesta a partir de
crises, chamadas surtos, em que os sintomas da doença ficam mais agudos e
deixam sequelas.
É importante que a
pessoa que tem esclerose múltipla realize exercícios físicos. Como cada pessoa
desenvolve esses sintomas de maneira única, em velocidades e ocorrência de
surtos diferentes, é preciso consultar um especialista para indicar qual a
prática mais adequada para cada um.
O neurologista
Charles Pulbery, membro da Academia Brasileira de Neurologia, diz que a técnica
não atua na doença propriamente dita. “Não trará cura para a doença, porém é
muito útil, como um tratamento reabilitador e conservador”.
Fonte: adaptação da Revista Pilates.